terça-feira, 11 de julho de 2017

Crianças Renegadas

Crianças Renegadas

É um bom momento pra começar a dizer o que sentimos, pra falarmos das verdades que ainda não falamos, dos amores roubados, dos sentimentos caídos e dos semblantes dispersos das pessoas que insistem em voarem nos seus mundinhos pequenos como um grão de areia.
            E talvez nós sejamos ingênuos o bastante para confessarmos o quanto precisamos dos uns dos outros. E esse defeito nós aprendemos a cada dia com mais intensidade e a velocidade com que esse sentimento alcança nos toma por inteiro, deixando nos incapazes de fazer uma coisa simples amar as pessoas e menos os objetos.
            Temos muito medo, das coisas pequenas, das perdas, das grandezas, poxa, temos medo do mundo nos obstruir mais do que já nos obstruem. E por fim o medo nos paralisa e nos derruba, o medo nos isola de quem amamos, de quem protegemos e até mesmo dos que guardamos lá no fundo do baú.
            Só temos um governo frio e calculista que só soma os números de suas contas particulares, e o resto da sociedade que sobreviva das migalhas, das sobras, dos farelos que deixam cair vez em quando, na beira da estrada. Migalhas e pó, eles deixam cair às migalhas e nós somos o pó.
            Acredite se que ao invés de nos favorecerem, primeiro eles se favorecem e antes que o sol se vá ao horizonte, nós somos as madrugadas frias e vazias que eles só pensam em esquecer.
Então como pensar nos olhos de Cordelha se as madrugas são frias, se os dias são quentes e invernos decaídos em catástrofes que não sabemos ao certo, em qual madrugada vão deixar de respirar. E o sol, bom, ele permanecerá lá até que o próprio Deus o orquestre para outros que saibam dá valor.
Pode ser que o céu esteja cheio da presença de Deus, e que Ele saiba o que esteja fazendo, e se lá no fundo ele souber o que faz, é a sua regência que ensina o céu como cada plano deve se organizar.
É linda a forma como formamos nossos sentimentos, nossas brochuras, é de fato o que a vida nos dá, a única coisa que ganhamos como herança é o amor, aquele longo verão que nos afugenta, nos aformoseia, ou que nos deixa sombrios e desgastes, é quem sabe o que sabemos ser.
E se aqui chegamos cheios de nós mesmo sem ajuda um dos outros, somos mais que fortes, somos a verdadeira vontade de sobreviver, e se aqui chegamos grudados necessitados da presença de outra pessoa que nos complete, é ai que vemos o quanto somos humanos e que precisamos de todas as ajudas necessárias.
Hora, eu nada sei que posso te fazer sorrir. Nada sei que te alcance com velocidade a ponto de deixar o verão ir e trazer a beleza da primavera com lindos campos floridos e cheios de cores vivas alegrando a alma de quem tem sensibilidade o suficiente para amar.
Não deixe para amar amanha, por medo, não deixe de amar em outra ocasião somente por pensar que não estamos prontos, por que sempre estamos, amadurecemos um dia de cada vez. Mas também amadurecemos todos os sentimentos vez ou outra, e até mesmo perto do leito de morte continuamos a aprender.
Então por que não amar hoje se ainda tenho que aprender amanhã?
 O que nos diferencia das nossas próprias verdades, é esse medo, essa derrota que sentimos a cada dia de não completamos o que desejamos, de não obtermos o sucesso desejado, então isso nos faz ter medo hoje. Então quando chega o amanha, e estamos afogados em verdades não ditas, em sentimentos não vistos ou em lutas não vencidas, voltamos a ter medo e novamente temos o medo de amar.
E novamente o que nos resta é esperar por outro momento, outra cadeia de sentimentos e a pessoa ao nosso redor esta a nossa espera, a espera de ouvir um simples te amo em volto de sentimentos, ou completo de verdade, de uma única verdade aquela que vem do coração. Então perdemos quem faria de tudo por nós sem cobrar nada mais que sentimentos.
Agora que me tranco em meu mundo deprimido e cansado de mim mesmo, luto para não congelar, para sobreviver demonstrando um ego que não é meu, um rosto que não é meu, um olhar que talvez eu tenha roubado de alguém, não sinto que tenha sido verdadeiro o bastante para gritar, enlouquecer, para procurar o amor nas minhas chaminés, nos meus manuscritos, fui técnico deixando o amor para outra hora, outro momento e cá estou eu.
Deixando que meu cérebro ferva e que meu eu tenha ficado longe de qualquer sentimento, tonto que sou louco que não fui, e envelhecendo tento não gritar com o sofrimento que causei a mim, que deixei de lado por me enviar na multidão e me perder na mesma, me levar, ser arrastado pela pobreza dos sentimos da multidão.
Um grande escritor teve medo de escrever, de falhar nas suas tentativas e precisou que outro escritor jogasse isso em sua cara como um tijolo decorado de tinta velha, e que escrever é mais do que a quantidade de livros escritos por ele e lido mundo a fora, que escrever é saber que não existe fim para as linhas e seja quantas vidas forem necessários, quantos trechos couberem no papel, ele assim deve escrever para si.
O papel cabe inúmeras verdades, todas as facetas que o mundo precisa saber. Tudo cabe em um papel e o amor é a prova de que somos nulos do mundo, nulos das grandes frações que permitimos ao nosso coração.

Jaílton Dias
Até a próxima