Crianças Renegadas
É um bom momento pra começar a
dizer o que sentimos, pra falarmos das verdades que ainda não falamos, dos
amores roubados, dos sentimentos caídos e dos semblantes dispersos das pessoas
que insistem em voarem nos seus mundinhos pequenos como um grão de areia.
E
talvez nós sejamos ingênuos o bastante para confessarmos o quanto precisamos
dos uns dos outros. E esse defeito nós aprendemos a cada dia com mais
intensidade e a velocidade com que esse sentimento alcança nos toma por
inteiro, deixando nos incapazes de fazer uma coisa simples amar as pessoas e
menos os objetos.
Temos
muito medo, das coisas pequenas, das perdas, das grandezas, poxa, temos medo do
mundo nos obstruir mais do que já nos obstruem. E por fim o medo nos paralisa e
nos derruba, o medo nos isola de quem amamos, de quem protegemos e até mesmo
dos que guardamos lá no fundo do baú.
Só
temos um governo frio e calculista que só soma os números de suas contas
particulares, e o resto da sociedade que sobreviva das migalhas, das sobras,
dos farelos que deixam cair vez em quando, na beira da estrada. Migalhas e pó,
eles deixam cair às migalhas e nós somos o pó.
Acredite
se que ao invés de nos favorecerem, primeiro eles se favorecem e antes que o
sol se vá ao horizonte, nós somos as madrugadas frias e vazias que eles só
pensam em esquecer.
Então como pensar nos olhos de Cordelha se as madrugas
são frias, se os dias são quentes e invernos decaídos em catástrofes que não
sabemos ao certo, em qual madrugada vão deixar de respirar. E o sol, bom, ele
permanecerá lá até que o próprio Deus o orquestre para outros que saibam dá
valor.
Pode ser que o céu esteja cheio da presença de Deus, e
que Ele saiba o que esteja fazendo, e se lá no fundo ele souber o que faz, é a
sua regência que ensina o céu como cada plano deve se organizar.
É linda a forma como formamos nossos sentimentos,
nossas brochuras, é de fato o que a vida nos dá, a única coisa que ganhamos
como herança é o amor, aquele longo verão que nos afugenta, nos aformoseia, ou
que nos deixa sombrios e desgastes, é quem sabe o que sabemos ser.
E se aqui chegamos cheios de nós mesmo sem ajuda um
dos outros, somos mais que fortes, somos a verdadeira vontade de sobreviver, e
se aqui chegamos grudados necessitados da presença de outra pessoa que nos
complete, é ai que vemos o quanto somos humanos e que precisamos de todas as
ajudas necessárias.
Hora, eu nada sei que posso te fazer sorrir. Nada sei
que te alcance com velocidade a ponto de deixar o verão ir e trazer a beleza da
primavera com lindos campos floridos e cheios de cores vivas alegrando a alma
de quem tem sensibilidade o suficiente para amar.
Não deixe para amar amanha, por medo, não deixe de
amar em outra ocasião somente por pensar que não estamos prontos, por que
sempre estamos, amadurecemos um dia de cada vez. Mas também amadurecemos todos
os sentimentos vez ou outra, e até mesmo perto do leito de morte continuamos a
aprender.
Então por que não amar hoje se ainda tenho que
aprender amanhã?
O que nos
diferencia das nossas próprias verdades, é esse medo, essa derrota que sentimos
a cada dia de não completamos o que desejamos, de não obtermos o sucesso
desejado, então isso nos faz ter medo hoje. Então quando chega o amanha, e
estamos afogados em verdades não ditas, em sentimentos não vistos ou em lutas
não vencidas, voltamos a ter medo e novamente temos o medo de amar.
E novamente o que nos resta é esperar por outro
momento, outra cadeia de sentimentos e a pessoa ao nosso redor esta a nossa
espera, a espera de ouvir um simples te amo em volto de sentimentos, ou
completo de verdade, de uma única verdade aquela que vem do coração. Então
perdemos quem faria de tudo por nós sem cobrar nada mais que sentimentos.
Agora que me tranco em meu mundo deprimido e cansado
de mim mesmo, luto para não congelar, para sobreviver demonstrando um ego que
não é meu, um rosto que não é meu, um olhar que talvez eu tenha roubado de
alguém, não sinto que tenha sido verdadeiro o bastante para gritar,
enlouquecer, para procurar o amor nas minhas chaminés, nos meus manuscritos,
fui técnico deixando o amor para outra hora, outro momento e cá estou eu.
Deixando que meu cérebro ferva e que meu eu tenha
ficado longe de qualquer sentimento, tonto que sou louco que não fui, e
envelhecendo tento não gritar com o sofrimento que causei a mim, que deixei de
lado por me enviar na multidão e me perder na mesma, me levar, ser arrastado pela
pobreza dos sentimos da multidão.
Um grande escritor teve medo de escrever, de falhar
nas suas tentativas e precisou que outro escritor jogasse isso em sua cara como
um tijolo decorado de tinta velha, e que escrever é mais do que a quantidade de
livros escritos por ele e lido mundo a fora, que escrever é saber que não
existe fim para as linhas e seja quantas vidas forem necessários, quantos
trechos couberem no papel, ele assim deve escrever para si.
O papel cabe inúmeras verdades, todas as facetas que o
mundo precisa saber. Tudo cabe em um papel e o amor é a prova de que somos
nulos do mundo, nulos das grandes frações que permitimos ao nosso coração.
Jaílton Dias
Até a próxima